quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Aos escritores de blogs, por C. Ronald









Pra mim, o virtual é o esgoto onde ratos intelectuais trafegam. Portanto, o que escrevem (e como escrevem) é um sintoma grave de fim da humanidade doente, pois não entenderam o passado e querem abortar um presente que não chegará ao futuro. O mundo continuará. O humano sobrevivente será transformado em SER que será a salvação pra tudo que produzimos de verdadeiro. Na virtualidade, qualquer imbecil (e como existem e resistem) poderá dizer que o queijo foi feito de pneu estourado, mas nunca falará do chiclete que sairá da sua boca para grudar em nosso sentido humano.


(C. Ronald, em Agulhadas - livro Bichos Procuram buracos em paredes brancas, 2011)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Carlos Nejar e a Árvore do Mundo

















Mudei de não mudar
(fragmento III)

Se perguntas onde fui,
devo dizer: o mar.
Estive sempre ali,
mesmo estando a mudar.

Foi ali que escrevi
tua pele, teu suor.
Ao tempo, seus faróis.
Não mudei de mudar.

2
O que mudou em mim
senão andar mudando
sem nunca mais mudar?
Quem mudará em mim,
se não sei mudar?

3
Ou me mudei. Sou outro.
Outra ventura, outra
virtude, cadência,
remota criatura.
Então que se apresente.
Seja tenaz, plausível
esse rosto invisível e áspero

Mudei. Soprava o mar.
Mudei de não mudar.


(Carlos Nejar, Breve História do Mundo)

(minha definição de poesia)





















a pedrapoesia
é matéria
não apreendida
de imediato

é o escuro mosto
d´oiro do vento
no rangido estriado

carne do sol
em pampa verde
e espírito luzido
          nunca caçada à noite

é a ave muda
esbatendo no símbolo
jóia viva
enterrada em dia claro.

pelo fogo.     pelo tempo.

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