sábado, 12 de janeiro de 2008

Non ridere, non lugere, neque detestari, sed intelligere





1. não rir, não lamentar,
nem amaldiçoar, mas compreender.
(SPINOZA)

2. links.
linkar Lourenço, o cheiro do ralo.
Ernest Becker, Nietzsche,
Kierkegaard, eu
e outros jogos de armar.

3. Lourenço não gosta da noiva, nem dele, nem de ninguém.
presume-se que, quem não gosta de ninguém, não teme a
morte, nem mesmo se for uma facada no coração.
perdeu. dois balaços no peito.

4. sinto-me livre para fracassar.

5. mas, se não teme morrer, o que o torna
tão angustiado? a ausência? solidão?
talvez o nervo da angústia seja a perda do pai
morto na guerra (duvidosa e fantasiosa)
sua tentativa patética e simbólica
de reconstruí-lo.

6. Muitos morrem demasiado tarde e alguns
demasiado cedo. Ainda soa estranha a doutrina:
“Morre a tempo”!
Morre a tempo: é o que ensina Zaratustra.
Sem dúvida, quem nunca vive a tempo, como iria
morrer a tempo? Antes não tivesse nascido! – É assim
que aconselho os supérfluos.

7. Quem é Paula Braun? (que bela bunda!)

8. A INVEJA DO PÊNIS
A verdadeira ameaça que a mãe representa passa a ser
vinculada à sua evidente corporalidade. Seus órgãos genitais são
usados como um conveniente foco para a obsessão da criança
com o problema da corporalidade. Se a mãe é uma deusa da luz,
é também uma bruxa das trevas. A criança vê a ligação da mãe
com a terra, seus secretos processos corporais que a prendem à
natureza: o seio com seu misterioso leite viscoso, os odores e o
sangue menstruais, a quase contínua imersão da mãe produtiva
em sua corporalidade, e não menos – algo a que a criança é
muito sensível – o caráter muitas vezes neurótico e irremediável
dessa imersão.

9. A inveja do pênis, então, surge do fato de que os órgãos genitais
da mãe foram separados de seu corpo com uma focalização do
problema de degradação e vulnerabilidade. Bernard Brodsky
observa, sobre sua paciente: “Sua concepção da mulher como
fecal estimulara enormemente a sua inveja do pênis, já que o
pênis vigorosamente ereto era o antônimo das fezes mortas,
inertes”.

10. HUMANOS TOTAIS E HUMANOS PARCIAIS
É simplesmente o seguinte: de que adianta falar de “desfrutar
a nossa plena humanidade”, - como insiste Maslow,
acompanhado de tantos outros – se a “plena humanidade”
significa o desajuste primário em relação ao mundo? Se você se
livrar de sua couraça neurótica de quatro camadas, a armadura
que cobre a mentira caracterológica sobre a vida, como poderá
falar de “desfrutar” essa vitória de Pirro? A pessoa abre mão
de algo restritivo e ilusório, é verdade, mas apenas para se ver
face a face com algo ainda mais horrível: o desespero
autêntico. Plena humanidade significa pleno medo e pleno
tremor, pelo menos uma parte das horas em que o indivíduo
está acordado. Quando você faz com que uma pessoa surja
para a vida, longe de suas dependências, de sua segurança
automática, obtida ao abrigo do poder de outrem, que alegria
poderá prometer a essa pessoa, portadora do fardo de sua
solidão?

11. O tormento de Kierkegaard era o resultado direto de ver o
mundo tal como é na realidade em relação à sua situação
como criatura. A prisão do caráter da pessoa é
trabalhosamente construída para negar uma coisa, e apenas
uma coisa: a sua condição de criatura. Isso é o terror. Uma
vez admitido que é uma criatura que defeca, você convida o
oceano primitivo da angústia animal a desaguar sobre você.
Mas isso é mais que do que angústia da criatura, é também a
angústia do homem, a angústia que resulta do paradoxo
humano de que o homem é um animal cônscio de sua
limitação animal. A angústia é o resultado da percepção da
verdade de nossa condição. O que significa ser um animal
consciente de si mesmo? A idéia é absurda, se não for
monstruosa. Significa saber que se é alimento para os vermes.
Este é o terror: ter surgido do nada, ter um nome, consciência
de si mesmo, profundos sentimentos íntimos, uma torturante
ânsia íntima pela vida e pela auto-expressão – e, apesar de
tudo isso, morrer. Parece uma mistificação, que é o motivo
pelo qual certo tipo de homem cultural se rebela abertamente
contra a idéia de Deus. Que tipo de divindade iria criar um
alimento para vermes tão complexo e caprichoso? Divindades
cínicas, diziam os gregos, divindades que usam os tormentos
do homem para se divertirem.

12. Aquele que é educado pelo pavor (angústia) é educado pela
possibilidade (...) Quando essa pessoa, portanto, sai da escola
da possibilidade e sabe, com uma perfeição maior do que
aquela com que uma criança sabe o alfabeto, que não exige da
vida absolutamente nada e que o terror, a perdição e o
aniquilamento são vizinhos de todos os homens, e aprendeu a
lucrativa lição que cada terror que cause alarme poderá, no
momento seguinte, tornar-se uma realidade, irá interpretar a
realidade de maneira diferente. (...)

13. a vida é dura.


Um comentário:

Anônimo disse...






È



Não é mole não.

Total de visualizações de página